Festival do Rio 2012 – clipping

Caco Ciocler está irreconhecível como o inspetor Freire, do filme “Disparos”, de Juliana Reis, exibido em avant-première ontem na Mostra competitiva de filmes brasileiros do Festival do Rio. O ator entra na pele de um personagem fácil de ser encontrado nas delegacias de polícia do Rio, mas muito difícil de ser interpretado nas artes cênicas ou mesmo compreendido pela grande maioria dos cidadãos comuns.

Baseado em fatos reais do cotidiano de grandes cidades como o Rio, “Disparos” é um thriller político e social, com uma trama de ação policial, que traça a trajetória do impacto da violência urbana na vida da sociedade, por meio das relações interpessoais. O filme é generoso com a comunidade gay e apresenta 10 segundos de beijo entre dois homens, cena impensável na TV. Mas o beijo não foi por amor. Um dos gays é alvo de um ‘boa noite, cinderela”.

A história é a seguinte: ao sair de uma sessão de fotos para um guia gay do Rio, Henrique (Gustavo Machado) é assaltado por dois motoqueiros armados, que são colhidos por outro carro em alta velocidade. Sentindo-se vingado, o fotógrafo recupera sua câmera mas esquece o cartão de memória com as fotos feitas na boate gay. Ao retornar ao “local do crime”, ele é reconhecido por populares e acusado de ser o atropelador, com o agravamento de ter praticado o crime de omissão de socorro.

Dali, Henrique é levado pelo PM ara a delegacia de polícia mais próxima e, em seguida, para a emergência do Hospital Souza Aguiar. A luta para provar sua inocência é quase inócua, já que ele mesmo se considera culpado pela morte do assaltante. Todo o tempo ele se apresenta como vítima, em busca de um salvo conduto para escapar do cenário da tragédia urbana. No fundo, o filme questiona convicções da opinião pública, de que “bandido bom é bandido morto”. A atropeladora é Dedina Bernardelli na pele de Silvana, uma dona de casa que entra em choque depois de conscientemente ter acelerado o carro para atingir os assaltantes.

Numa dos excelentes diálogos com o fotógrafo, o inspetor Freire (Ciocler) deixa  claro que matar bandidos não é coisa para cidadãos:

— É uma prerrogativa nossa (da polícia).

— “Disparos” se enquadra dentro de uma nova perspectiva e tendência do nosso cinema, de se fazer crônica do nosso tempo e espaço; um cinema ancorado e impulsionado pela vida na qual está inserido e da qual emerge. Um filme brasileiro, onde o brasileiro se enxerga e se vê. E se pensa. Acredito que a dramaturgia no geral, e o cinema em particular, tem na capacidade de servir de espelho para quem assiste, uma poderosa arma de transformação dos indivíduos — afirma a diretora Juliana Reis, jornalista e mestre em cinema em Paris, em seu primeiro longa.
Distribuído pela H2O Filmes e produzido por Diversid’arte Produções e Escrevendo & Filmes, o filme estreia no dia 9 de novembro, no circuito comercial.

Seções do filme no Festival do Rio: 

Hoje, dia 2 de outubro – sessão popular seguida de debate
Pavilhão do Festival – Armazém 6 do Cais do Porto – Av. Rodrigues Alves s/n – Pça Mauá
15h30
17h – debate após a sessão do filme

Dia 3 de outubro, quarta-feira
Roxy 3 – Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 945 A – Copacabana
16h30
21h30

Dia 4 de outubro, quinta-feira
Cinemark Botafogo 3 – Praia de Botafogo, 400 – 8º andar – Botafogo
16h30
21h30

Deixe seu comentário


©2012 - Escrevendo & Filmes - Todos os direitos reservados / All rights reserved - Acessar Design: SUBITO CREATIVE