a Saga do Açaí

Direção  RICARDO AZOURY

SANDOVAL SANTOS, filho de um caminhoneiro nordestino que parte para Belém com a família fugindo da seca e da miséria. A criança Sandoval cresceu, nos anos 80, vendo o pai trabalhar na distribuição do açaí vendido no tradicional mercado VER O PESO.

Nesse mesmo período, PEDRO SOUZA, atleta carioca, abre uma pequena loja na Barra da Tijuca servindo açaí com guaraná que vira febre entre surfistas e lutadores de jiu-jitsu.

FERNANDA STEFANI, já há mais de 20 instalada na Amazônia, cresceu em São Paulo, se formando e desenvolvendo uma carreira bem-sucedida no Comércio Internacional.

VANILDO QUARESMA, ribeirinho, coletor de açaí nativo, é membro da Cooperativa dos Produtores de Açaí da Região de Abaetetuba e sentiu na pele os riscos da escassez quando, no final do século passado, o açaí virou produto de exportação para o sul, deixando a mesa local desguarnecida.

NAZARENO ALVES, Amazonino de origem indígena, 40 anos, nasceu consumindo açaí na mamadeira.

Ainda no século XX e enquanto estudava direito para se tornar juiz, SANDOVAL se sustentou  com a compra e venda de pequenos lotes de cestos de açaí, suprindo o mercado local de barraquinhas e batedeiras de Belém.

No Rio,  a moda pegou e centenas de lojas de sucos já oferecem a novidade em seus balcões, com misturas que o paraense de raiz nunca aprovou. Mas a adesão do carioca é total.

E foi na virada do milênio, que FERNANDA deu as costas ao BUG e resolveu colocar seu talento comercial a serviço do desenvolvimento sustentável das comunidades ribeirinhas amazônicas.

2005. SANDOVAL já comanda uma pequena indústria de processamento da polpa e “exporta” para o sul do Brasil cuja popularização ajuda a construir pequeno impérios como BIBI SUCOS, POLI SUCOS e BALADA. Três anos mais parte,  a processadora  de Sandoval se transforma em indústria certificada pelo FDA americano para venda internacional.

E assim, o Açai começa a ganhar o mundo. NAZARENO fatura muito com a sua cadeia de restaurantes de luxo servindo pratos típicos da cozinha paraense. Mas o crescimento da demanda torna o açaí produto raro quando se trata do consumo popular e local na entressafra. E ele confessa o temor de ficar sem a sua dose. O Temor foi tal, que, em 2010, Nazareno se lança numa empreitada inédita: plantar o açaí, antes totalmente dependente da cultura de extração.

2019. PAULO TOURO, 25 anos, piloto de drône, presta serviços para produções de filmes realizados na Amazônia. Tudo o que ganha no Audiovisual, Touro investe na sua participação em empreendimentos agrícolas que prometem dar seus frutos em anos futuros: o Açaí leva no mínimo 5 anos para produzir seus cachos.

CAROLINA LEWIS, bióloga carioca, pesquisadora do IMPA com especialidade em arqueologia, passa muito tempo visitando sítios de escavação na Amazônia e propõe que o açaí tenha sido selecionado e desenvolvido, assim como a mandioca, pelas populações indígenas  tradicionais há, pelo menos, 3 mil anos.

Nos cruzamentos dos relatos desses sete personagens brasileiros, a história do açaí vai se desenhando: de item de subsistência até commodity valiosa, a frutinha Brazilian berry virou superfood e hoje é chamada de ouro roxo.

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